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Foto emblemática Aos 17km, o sofrimento estampado na face |
Como já havia comentado, aqui no blog, tenho uma relação especial com a Meia Maratona de Fortaleza. O histórico de minhas participações serve para demonstrar toda a minha evolução na corrida, especialmente nesta distância de 21km, a qual tanto aprecio.
Entretanto, para a prova deste 2012, eu estava consciente da dificuldade que seria alcançar meu tempo do ano passado. Porém, nem por isto deixei de me esforçar e buscar aquela marca tão significativa para mim.
Já que estou comparando com o ano passado, impossível não comparar também a preparação. Três pontos relavantes foram, no meu entendimento, os responsáveis pela diferença entre a performance alcançada no ano passado e neste ano de 2012. São eles:
1 - Volume. Ano passado, estava eu em meio ao treinamento para o Ironman. Os treinos estavam em sua fase mais intensa, e eu estava completamente comprometido com eles. Assim, a distância de 21km, por si só, não seria qualquer obstáculo. Neste ano, não farei o Ironman Brasil, e o caminho trilhado pelas planilhas, obviamente, é diferente do seguido no ano passado.
2 - Preparo muscular. À época, estava com reforço muscular feito através de treinamento funcional. O trabalho foi muito bem realizado pelo Professor Rossman da Personal Care. Eu estava com muuuuuita força nas pernas. Subidas não eram problemas; eram soluções. Neste ano, não tive tempo para qualquer reforço muscular. Aliás, ficar sem este reforço é totalmente desaconselhável para triatletas e corredores.
3 - Peso. Ano passado, até mesmo por força dos volumes do treinos para o Ironaman, estava com um percentual de gordura baixo. Menos peso, menos esforço para "arrastar" o corpo. A relação do peso é tudo na prática da corrida. Neste ano, apesar de ter chegado à prova com peso razoável, estava ainda uns 2 a 3kg acima do peso do ano passado.
Mas vamos à prova.
Apesar da previsão de chuva, não tinha a menor expectativa quanto a isto. O histórico da Meia Maratona de Fortaleza não nos permite sonhar assim tão alto. A chuva caiu na madrugada. Tal fato só anunciava que o calor viria para rachar nossas cabeças. Esta sim era uma previsão bastante plausível. E, como vocês verão mais adiante, ela veio a se tornar realidade.
No momentos que antecederam a prova, eu estava numa letargia incomum. Não estava "pilhado", e preocupei-me um pouco. Fui aquecer no gramado do Marina Park, e corri uns 200m, apenas para lembrar aos músculos que eles trabalhariam bastantes nas horas seguintes.
Fui para a largada e para o aperto daquele cercado repleto de corredores ansiosos e barulhentos. Quando o locutor falou que faltava muito pouco, o batimento, naturalmente, subiu. Cérebro avisando ao resto do corpo que chegava a hora de começar a festa. Dispara o canhão (largada)! Dispara o coração e a vontade das pernas de se mexeram. Até ultrapassar o pórtico, era impossível correr, e todo mundo fica num passinho curto que nem é corrida, nem andar. Quando o mínimo de espaço é encontrado, corro! Os primeiros 500m é para por em prática a arte de ultrapassar sem cair, nem derrubar. É passar por pequenas frestas entre corpos de corredores, desejando incomodar o mínimo possível.
Ao sair do Marina Park e chegar ao asfalto da Av. Leste Oeste, alívio! Mais espaço, mais velocidade, mais gente para trás, mais caminho pela frente, mais dúvidas. As subidas do início do percurso não pesaram, pois ainda estávamos muito "inteiros" neste momento.
Tentei manter o ritmo próximo ao do ano passado, com o intuito de chegar à metade da corrida um pouco acima do tempo de 2011, para, empós, sonhar em negativar um pouco na segunda parte da corrida. A tática era boa, mas sua execução era uma incógnita.
A verdade é que, nem de perto, cheguei a correr da forma confortável como corri no ano passado. Mas fui! E fui nessa toada durante toda a ida. Pequenos objetivos, escolhidos durante a prova, sendo alcançados. Sem agonia, acompanhando ritmo cardíaco, suplementação (um gel aos 7km e outro aos 14km), e pace.
No momento do primeiro gel, com um copo de água na mão e um gel na outra, ouço um barulho de plástico atritando com o asfalto. Olho para os pés e vejo que o chip descartável havia caído naquele momento. O chip ainda voava pelo asfalto, e tive que voltar uns 5m para recuperá-lo. Agora eram um copo de água, um gel e um chip na mão, e ainda a preocupação de ter que recuprar o ritmo. Este episódio foi f....! Psicologicamente desgastante.
Tomado o gel, bebida a água, verifiquei que o chip havia quebrado bem no engate, não havendo como recolocá-lo. Restava levà-lo à mão mesmo. E foi assim até o final da corrida. Entretanto, minha maior preocupação foi em retomar o ritmo. Na reta que passa pelo aterro da praia de Iracema, consegui voltar ao pace desejado. E continuei.
Percorrida a Av. Beira-Mar e o trecho próximo ao Porto do Mucuripe, feito o retorno, um certo alívio de quem pensa: "agora é só voltar!". Entretanto, quem assim pensa, já demonstra um certo pesar, sofrimento, vontade demasiada em chegar.
Ainda assim consegui segurar o pace. De volta à Av. Beira-Mar, os efeitos do calor começaram a se manifestar. Os postos de hidratação pareciam se distanciar, e a surpresa de encontrar água quente em alguns deles foi desestimulante. Lembro-me bem de, ao chegar no décimo sexto quilômetro, ter pensado que só faltavam 5km. Ou seja, o pensamento já estava na chegada. Mau sinal!
Um quilômetro depois, ao passar pelo marco dos 17km, sentia meu corpo ferver. Um calor gigantesco parecia querer sair de dentro de mim. Meu rosto parecia que iria explodir e rezei para um posto de hidratação chegar logo. O posto de água localizado próximo ao Restaurante Tia Nair serviu para dois verdadeiros banhos. Dois copos de água derramados sobre minha cabeça, e apenas um simples gole de água. Alívio imediato.
Neste momento, as pernas também fraquejaram, e o pace caiu. Foi impossível mantê-lo. O corpo pareceu cobrar a conta do volume, como quem diz: "não estamos treinados para este ritmo além desta distância!". Ainda assim, consegui não baixar tanto assim a velocidade. Daí por diante, a corrida foi mantida somente com o psicológico. A vontade de andar era constante. Quem me viu neste últimos quilômetros deve ter se assustando com a quantidade de caretas. Foram 4km de muito sofrimento.
Ao descer o viaduto, dentro do último quilômetro faltante, consegui um bom pace em função da descida, e, logo em seguida, uma alma caridosa, um corredor um pouco mais velho, olhou para trás e me chamou:
- Vamos lá! Chega aqui do lado! Vamos juntos.
Respondi:
- Não aguento mais! Vai lá que irei no meu ritmo!
Ele:
- Não! Vem!
No impulso, cheguei ao lado dele e fomos até o pórtico num ritmo bem forte. Foi uma chegada diferente. Após cruzar o pórtico, nos cumprimentamos, agradeci sua insistência e ajuda, e parei por alguns segundo, pois andar estava bastante complicado. Recuperada alguma força, olhei no relógio e constatei que havia corrido 03 minutos acima do tempo do ano passado. Fiquei bastante feliz!
Tendo em vista a história da prova e meu condicionamento, foi um excelente resultado! Mas não tenho dúvidas de que estes três minutos foram perdidos nos últimos 4km. Eis a diferença!
Entretanto, eis a parte boa da vida: ANO QUE VEM TEM MAIS! Ainda vou buscar essa marca!
Parabéns pela prova ! Valeu a persistência...
ResponderExcluirAbs
Fábio
www.42afrente@blogspot.com
Valeu, Fábio! Estou adorando seu Projeto Queimando o Bacon.
ResponderExcluirUm relato franco de mais uma corrida de superação. Amigo Elano, ano que vem gostaria de ajudá-lo a baixar sua marca nos 21 km de Fortaleza. Conte comigo! A partir de janeiro de 2013, se você me permitir, assumo o treinamento complementar da força focando essa prova, ok? Abs!
ResponderExcluirFechado, Rossman! Ano que vem também irei para o Ironman Brasil, no fim de maio. Assim, gostaria muito de repetir a fórmula de sucesso que experimentei em 2011. E, sem dúvida, sua orientação foi fundamental.
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