Antes de mais nada, peço desculpas por passar tanto tempo sem escrever neste blog. Mas, como já disse em outras oportunidades, escrevo quando tenho vontade.
Desta vez, aqui venho contar como foi minha prova realizada no sábado passado, 16 de março de 2013. E escrevo muito mais a pedido de um amigo do triathlon do que por vontade própria (é... a preguiça tá grande!!!).
A prova mencionada foi o Campeonato Brasileiro de Longa Distância, disputado em etapa única, na praia do Cumbuco, município de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza. Tínhamos que nadar 3000m, pedalar 80km e correr outros 20km. São distâncias aproximadas às de um Meio Ironman (1900m + 90km + 21km).
Pois bem! Desde meados de novembro do ano passado que procurei doar-me mais aos treinos. Com treinador novo, vem ânimo novo. E o foco principal, a saber, o Ironman Brasil 2013, é outro grande motivador. Assim, não posso negar que treinei bem da virada do ano até hoje.
Mas vamos ao relato da prova.
Natação
Entre as duas voltas da natação |
Eram duas voltas, em formato retangular. Ou seja, largávamos da areia entrando no mar perpendicular à praia, rumando até uma jangada, a qual contornávamos para a esquerda, passando a nadar paralelo à areia e em direção à outra jangada. Novamente, contornávamos a jangada para a esquerda, indo em direção à areia. Chegando na praia, correríamos até o ponto da largada, entrando no mar para mais uma volta.
Como sempre, sem muitas expectativas. No entanto, entrei muito bem na água. Senti-me confortável, acompanhando os bons nadadores por um bom período. A respiração encaixou e e as braçadas estavam soltas. E fui! Terminei a primeira volta e olhei para os que corriam na areia. A distância não era tão grande para alguns que sei que nadam muito bem. Fiquei mais motivado.
Na segunda volta, já entre as duas jangadas, vi Andrea Queiroz, que, apesar de ter largado 30 segundos depois (largada feminina), ainda estava ao meu lado (ela nada muito bem). Foi mais um estímulo. Na reta final da natação, Andrea abriu um pouco, e eu saí da água bastante satisfeito. Impende dizer que meu relógio marcou apenas 2.400m de natação. Ainda assim, não posso negar que fiquei bastante feliz com meu resultado no mar.
Ciclismo
Para minha surpresa, o céu estava nublado. Esta prova é realizada na época mais quente do ano aqui no Ceará. Assim, quanto menos sol, menos desgaste. E aquelas nuvens eram muito bem-vindas. Iniciado o pedal, comecei a trabalhar a cabeça para fazer um ciclismo consistente, forte, mas sem inutilizar as pernas para a corrida. Recebi e-mail do treinador na véspera da competição indicando a melhor forma de realizar a prova, tendo em vista não estarmos treinando especificamente para ela (lembrem-se: o foco é o Ironman Brasil). E segui a orientação do "coach".
Nesta hora é que precisamos ter cabeça, pois o ciclismo, muitas vezes, aparenta estar fácil demais. Ou seja, temos a impressão de não estarmos fazendo a força que temos, e que os outros estão tirando ou abrindo distância de você.
Eram 5 voltas no circuito, para que completássemos os 80km. Na segunda volta, cai uma forte chuva. Mais uma surpresa. A chuva acabou por trair muita gente. Várias quedas foram vistas. Alguns caíram mais de uma vez. Fui comedido e fiquei um pouco mais lento, evitando um possível acidente. Muito cuidado nos retornos e, principalmente, no contorno de duas rotatórias traiçoeiras. Estas, por sinal, foram as responsáveis por muitas das quedas verificadas durante a prova.
Segui minha suplementação conforme planejado, e terminei o pedal de forma satisfatória. Restava testar, na corrida, se a estratégia teria sido a correta. Antes de relatar a parte da corrida, não posso deixar de dizer que ultrapassei, durante o ciclismo, alguns bons nadadores e fortes concorrentes da minha categoria. Mas sempre mantendo o mesmo padrão pré-determinado para aquela etapa da prova.
Corrida
Fiz uma rápida transição. E fui correr. A primeira impressão foi a de que as pernas estavam inteiras. Isto deu mais confiança. O pace também estava pré-determinado, e tentei mantê-lo. A primeira volta é de adaptação do corpo à nova empreitada (corrida). Aos poucos foi ficando mais confortável, e vi que abri boa distância para alguns que fizeram a T2 (transição ciclismo - corrida) comigo. Fechei a primeira volta, 5km. Ainda faltavam três.
Neste momento, ao abrir a segunda volta, ouço o amigo Carvalhinho me chamar. Ele, que havia abandonado a prova após uma lamentável queda da bike, logo na primeira volta, a qual quebrou a gancheira, gritou incentivando. Disse que eu estava muito bem e que tinha que manter o ritmo. Aquilo foi o mesmo que por o dedo na tomada. 220 volts de energia. Não vi mais ninguém. Eu só vi o Carvalho gritando e incentivando. E continuei na mesma toada.
Conseguia manter o pace. E isto era surpreendente, pois, para quem faz longa distância, sabe que a corrida vai minando suas últimas forças, e te fazendo ir mais lento. A segunda volta transcorreu rápido, e recebi incentivos de amigos que estavam um pouco atrás, mas já me parabenizavam pela excelente prova. Eu tinha que manter o foco. Ainda faltavam 10km.
A terceira volta não foi boa. Foi a pior das quatro. Senti faltar pernas. O pace subiu. Mas ainda assim era um pace muito melhor do aquele que consegui praticar em outras provas longas. Deu vontade de olhar no relógio o tempo total da prova. Mas coloquei na cabeça que só o faria quando abrisse a quarta e última volta. A terceira volta passou devagar, mas com o alento de que a última estava por vir.
Ao fazer o retorno, abrindo a última volta, olho e relógio e vejo o tempo total de prova. Percebi que conseguiria fazer abaixo do tempo desejado. A alegria e satisfação me invadiram, trazendo fôlego e força extras, e consegui voltar ao pace anterior. Afinal, era a última volta. Vamos acabar com isso logo. À esta altura, o calor já estava terrível, apesar do sol ter se mantido escondido atrás das nuvens. Não havia vento, e estava abafado como numa estufa.
Último retorno feito. Agora, apenas 2,5km para a chegada. A corrida saiu ainda mais tranquila. Reta final. Um sprint só para animar e ferver ainda mais de emoção. Vejo o relógio oficial da prova, pendurado ao pórtico de chegada, e passo por ele aos pulos. Missão cumprida! Tempo meta destruído. E que venha o tal Ironman Brasil 2013.
Vi que estou no caminho certo, e continuarei assim até o dia 26 de maio de 2013. Recebi muito elogios de amigos que tem muita experiência e performance no trathlon. Isto só me deixa muito mais orgulhoso e satisfeito com o que venho conseguindo. Nunca esquecendo de que tudo isto é diversão. Suar por diversão. Sofrer por diversão. Baixar seu próprio tempo por diversão. Neste último sábado, dia 16 de março de 2013, eu me diverti muuuuuito.