Ironman Brasil 2011

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terça-feira, 20 de março de 2012

Brasileiro de Longa Distância - A Prova



Red Team após a prova do Longa Distância


Difícil! Eis a palavra que me vem à cabeça na hora de adjetivar a prova realizada no último sábado. E ainda parece um eufemismo. Sério mesmo. É um verdadeiro desafio. E não só pela distância, mas, muito mais, pelas condições climáticas e de percurso.

O Campeonato Brasileiro de Longa Distância, realizado em etapa única, é o que podemos chamar de uma prova casca dura. E, neste ano, os requintes de crueldade da mãe natureza foram a tônica em toda a prova.

Antes de relatar a minha prova, insta dizer que o local para realização da prova é de uma beleza ímpar. Confesso que não conhecia e que fiquei, assim como muitos, abismado com o visual de todo o percurso, principalmente da transição e da corrida. Vale mencionar também todo o esforço da FETRIECE em realizar uma evento merecedor de um Campeonato Brasileiro, o qual serve como classificatório para o Mundial de Longa Distância a ser realizado na Espanha, em julho vindouro.

Ainda sinto-me na obrigação de dizer que fui um dos que criticou o percurso do ciclismo divulgado dias antes da prova, alegando que o mesmo retirava a essência de uma prova de longa distância. O percurso era travado, com cinco voltas, em pistas relativamente estreitas para o tráfego de mais de 200 atletas. Entretanto, a FETRIECE adotou postura proativa e tratou de buscar soluções. Conseguiu ampliar o circuito, diminuindo as voltas do ciclismo para três, o que fez total diferença.

A Prova

A natação foi realizada no mar que fica à frente do Hotel Vila Galé Cumbuco, próximo a um pico de surf conhecido como Pico das Almas. A maré baixa só fez com que as ondas ficassem maiores. Foi uma natação dificílima. 3000m sendo sacudido para cima e para baixo. Em vários momentos as braçadas sequer saíam da água, e, em outros, dávamos braçadas no vazio, tudo em função das enormes ondulações que enfretávamos. Alguns amigos relataram que foram vítimas de "caldos" ao sair do mar, pois as ondas estavam mesmo grandes.

Nesta prova, no meu caso específico, enfrentei uma dificuldade antes nunca encarada por mim. Orientei-me muito mal. Perdi tempo e nadei muito mais do que o necessário. Esperava contar com a corrente, a qual não me arrastou como eu esperava. Ainda assim, conseguir um tempo muito bom para minhas condições de preparo. Já havia ficado feliz com o tempo da primeira volta, e fiquei mais ainda em sair da água em bom estado para as demais etapas da prova.

Minhas transições foram lentas, e vi que tenho que melhorar neste aspecto. A T1 foi menos ruim que a T2, mas, ainda assim, perdi tempo com besteiras. O fato curioso da T1 fica para as palavras do amigo Parahyba, o qual, no trajeto entre a praia e o local onde estavam as bicicletas, falou:

- Ei Elano, vai pensando aí no relato para o blog. Transição difícil com uma duna na saída da praia!

E riu. Aliás, rimos.

No ciclismo, já bem no início, fomos apresentados a uma subida cruel que tratou logo de castigar nossas pernas. Em seguida, o vento deu as boas-vindas. E foi assim até o retorno já na rodovia estruturante, após o posto do garrote. Subidas com vento na cara faziam com que tivéssemos a certeza de que a natureza tinha tirado aquele dia para nos ensinar a não a desafiar. Após o retorno, vento empurrando e velocidade alta para nos animar. O percurso de volta nos dava nova alma para continuarmos. E assim foi por três voltas, só tendo a mencionar que o vento aumentava gradativamente. A última volta foi de superação.

Vale ressaltar a organização da FETRIECE nos retornos e, principalmente, na entrada da rodovia estruturante. Não vi um acidente sequer. Pode até ter ocorrido, mas eu não vi nada.

Na T2, como já adiantei, enrolei-me bastante. O tênis foi parar longe, e fui buscar. Soltei uns palavrões, o que arrancou risadas de alguns staffs. Aconteceu de tudo. Mas saí para correr sabendo que o pior estava por vir.

Logo no ínicio da corrida, de novo, aquela famigerada subida. Correndo, ela parecia bem mais íngrime. Após chegar no percurso no alto da duna, pretensamente plano (mas que de plano não tinha quase nada), as pernas foram começando a responder melhor. Mas leve enjôo por causa dos géis de carboidrato atacou-me. Ainda assim continuei "empurrando" os tais géis para dentro, sob pena de quebrar por falta de forças.

A vontade de parar era constante. O corpo joga contra. A cabeça é quem comanda tudo, e se você deixar o abatimento te dominar, já era. A força mental, neste momento de uma prova tão dura, é a grande chave para o sucesso. Desisitir não pode ser uma opção, NUNCA!

Até que, no meio da segunda volta da corrida (eram 4 voltas ao todo), apareceu a minha amiga de provas, a tal Coca-Cola. Mandei um copo para dentro e esqueci o gel. O problema é que havia apenas um dos postos de hidratação com coca-cola. Mas ainda assim recebi um ânimo a mais, mentalmente e fisicamente. Impressionante! Consegui manter o ritmo. Fui ultrapassado por concorrentes da mesma categoria, mas eu estava ali fazendo o que podia. Não resta dúvida que tenho que melhorar meu desempenho na corrida em provas de triathlon, mas este é justamente o grande segredo a ser alcançado pelo triatleta.

Cheguei ao pórtico final com tempo muito melhor do que o esperado, e fui recebido pela minha linda mulher com um forte abraço. Desafio cumprido. Felicidade à mil. Confraternização com os companheiros de equipe. Todos, aliás, deram-se muuuuuuito bem. Foi um espetáculo!

Entretanto, alguns participantes foram orientados a dar mais meia volta na corrida, fato que causou desconforto. Criaram-se dois grupos. Um que teria corrido cerca de 18km, e outro que percorreu os 20km. O primeiro grupo fez o percurso de acordo com o que foi orientado no congresso técnico. E neste grupo inclui-se a elite. O outro grupo recebeu a informação de fazer mais meia volta já durante a corrida, e isto viria a causar confusão no pós-prova.

A organização, entretanto, até onde fiquei sabendo, identificou os atletas que correram mais e fizeram redução de tempo médio, cerca de 12 minutos. Desta forma, buscou, da melhor maneira possível, corrigir a falha.

Minha colocação

Ao final da prova, saiu uma lista com um pré-resultado. Fiquei em oitavo na categoria, e quarto lugar cearense. Feliz da vida, fui embora. No dia seguinte, o amigo Gilberto, conhecido como Carioca, avisou-me que fui chamado para o pódio. Estranhei bastante. E fiquei no aguardo da lista com o resultado final.

O resultado foi divulgado e vi que realmente estava no pódio, em quarto colocado. Entretanto, estudando a lista, concluí que havia um erro. Todos da categoria haviam recebido uma redução de 8 minutos relativos a largada em ondas. Tudo certo! Entretanto, eu recebi estes mesmo 8 minutos e mais 12 minutos. Suspeitei que fossem os 12 minutos que foram dados para quem correu mais meia volta. Porém, não é o meu caso. Corri as quatro voltas fechadas assim como orientado no congresso.

Tratei de procurar a FETRIECE para corrigir a falha. Quanto à vaga para o mundial, não há insjustiça porque minha movimentação nas posições se deu dentro do intervalo que classifica para a Espanha. Entretanto, quanto ao pódio, a mudança acaba por provocar injustiça. O quarto colocado recebeu o troféu de quinto. E o quinto sequer recebeu o troféu por ter sido realocado para sexto. E eu, que sequer estava lá no momento da premiação, não deveria sequer ter recebido nada.

Verificando a lista, vejo que meu posto de fato é o da 8ª colocação. Este sim é o condizente com meu tempo de 5h:02m altos.

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