Ironman Brasil 2011

Ironman Brasil 2011

sexta-feira, 30 de março de 2012

Corrida e dicas


Leandro em reunião com a equipe

E termina a semana em que o treinador do Red Team nos fez compainha aqui em Fortaleza. Leandro Macedo chegou na sexta-feira passada, e retorna à Brasília hoje. Estas ocasiões são sempre proveitosas, pois inevitavelmente recebemos dicas novas, além de correções, acompanhamento nos treinos, etc.

É claro que nossa equipe, por não ter seu técnico sempre presente, sofre com alguns aspectos do treinamento. De outra banda, minimizamos este ponto fraco com o companheirismo e preocupação dos mais experientes.

A visita de Leandro teve como principal foco o pessoal que está treinando para o Ironman Brasil 2012. Entretanto, os que não irão para esta prova não foram esquecidos. Eu, por exemplo, tive o prazer de receber atenção especial no treino de corrida desta manhã. Minha corrida tem voltado aos poucos e ando bastante empolgado com isto. Aproveitei para "sugar" informações e dicas para os treinos de corrida que visam a Meia Maratona de Fortaleza.

Recebi dicas especiais de treinos em esteira e percepção (feeling) de pace sem a ajuda do gps do relógio (garmin). Novidades virão em minha planilha. Resta pouco mais de quinze dias para a prova, e foco agora é imprescindível. Ainda recebi dicas de alimentação (peso é tudo na consecução de uma boa performance em corrida) e, por fim, preciosa informação de estratégia, tendo em vista o que foi feito na mesma prova no ano passado (parâmetro).

Assim, apesar da semana de treinos ter sido um pouco atrapalhada pelas chuvas intensas, e, ainda, por nosso treinador ter focado no pessoal que vai para o Ironman Brasil 2012 (nada mais justo!), fiquei feliz demais com este último dia de sua estadia aqui em Fortaleza. Foi um treino apenas! Mas seu valor foi inestimável.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Abril do Ironman Brasil



Está chegando abril. Quem já fez o Ironman Brasil, sabe muito bem o que este mês significa.

Abril traz, em seu dia inaugural, o famoso Dia da Mentira. Mas, paradoxalmente, também traz a única verdade para os triatletas que pretendem fazer o Ironman Brasil: é chegado o mês mais difícil do treinamento. O mês em que tudo parece não ter fim, inclusive o sofrimento. Treinos gigantes, transições pesadas.

E, para o cearense, talvez o nordestino em geral, ainda tem um "plus" de sofrimento. Trata-se do mês mais quente do ano. Umidade altíssima, pouco vento (se é que isso é possível aqui no Ceará!!), e um sol que mais parece convergir todos os seus raios para a cabeça do triatleta em treinamento.

Mas tenho a solução para o problema (se é que você encara isto como um problema): COMPROMETIMENTO! Ano passado, quando fiz meu primeiro e único Ironman (até agora!), estava focado de tal modo que abril passou num piscar de olhos. E mais. Temos a Meia Maratona de Fortaleza e a I Etapa do Campeonato Cearense de Triathlon Olímpico. Tais eventos fazem com que o mês transcorra ainda mais rapidamente.

Assim, não tenho medo de lhes dizer que, caso encarem os treinos de frente, focados, comprometidos, resolutos de que querem passar pelo pórtico de chegada do Ironman Brasil, abril passará sem maiores problemas, e será um mês de treinos memoráveis, inesquecíveis.

Por fim, faço-lhes somente um alerta. Cuidem bem da recuperação no pós-treino. Alimentação, suplementação, alongamentos, e, sono em dia, são exemplos de pontos que deverão ser objeto da preocupação do triatleta em treinamento para qualquer Ironman.

No mais, desejo boa sorte a todos neste abril de 2012. Que venham os treinos!!!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Meia Maratona de Fortaleza



Como todos devem saber, a Meia Maratona de Fortaleza aproxima-se. Será realizada em am abril próximo, no dia 15.

Após o Campeonato Brasileiro de Longa Distância, esta meia maratona passa a ser a minha prova alvo do semestre. Tenho um carinho especial pela prova, pois, desde que adentrei no mundo das corridas (e do triathlon), a Meia de Fortaleza é a competição a qual tenho sido mais fiel. Em 2012, será a minha quarta Meia Maratona de Fortaleza seguida.

Apesar do pouco tempo que falta para a prova (menos de um mês), treinarei com afinco para a mesma. Aproveitarei, inclusive, a vinda do treinador do Red Team, Leandro Macedo, o qual ficará quase dez dias conosco neste final de março.

Dificilmente conseguirei a performance realizada no ano de 2011, quando, surpreendentemente, corri solto e fácil, conseguindo uma marca antes nunca imagina por mim. Entretanto, tenho vivido bom momento de treinos neste início de 2012, livrando-me de vez, ao que tudo indica, da lesão no pé direito. Tudo é possível!

No entanto, é bom lembrar que abril é o mês mais quente do ano. Fortaleza ferve. Miragens surgem em meio ao calor que sobe do asfalto. A prova não é nada fácil. Mas isto não é novidade para ninguém.

Vejamos o que me aguarda nesta prova. Que venha a Meia Maratona de Fortaleza!

terça-feira, 20 de março de 2012

Brasileiro de Longa Distância - A Prova



Red Team após a prova do Longa Distância


Difícil! Eis a palavra que me vem à cabeça na hora de adjetivar a prova realizada no último sábado. E ainda parece um eufemismo. Sério mesmo. É um verdadeiro desafio. E não só pela distância, mas, muito mais, pelas condições climáticas e de percurso.

O Campeonato Brasileiro de Longa Distância, realizado em etapa única, é o que podemos chamar de uma prova casca dura. E, neste ano, os requintes de crueldade da mãe natureza foram a tônica em toda a prova.

Antes de relatar a minha prova, insta dizer que o local para realização da prova é de uma beleza ímpar. Confesso que não conhecia e que fiquei, assim como muitos, abismado com o visual de todo o percurso, principalmente da transição e da corrida. Vale mencionar também todo o esforço da FETRIECE em realizar uma evento merecedor de um Campeonato Brasileiro, o qual serve como classificatório para o Mundial de Longa Distância a ser realizado na Espanha, em julho vindouro.

Ainda sinto-me na obrigação de dizer que fui um dos que criticou o percurso do ciclismo divulgado dias antes da prova, alegando que o mesmo retirava a essência de uma prova de longa distância. O percurso era travado, com cinco voltas, em pistas relativamente estreitas para o tráfego de mais de 200 atletas. Entretanto, a FETRIECE adotou postura proativa e tratou de buscar soluções. Conseguiu ampliar o circuito, diminuindo as voltas do ciclismo para três, o que fez total diferença.

A Prova

A natação foi realizada no mar que fica à frente do Hotel Vila Galé Cumbuco, próximo a um pico de surf conhecido como Pico das Almas. A maré baixa só fez com que as ondas ficassem maiores. Foi uma natação dificílima. 3000m sendo sacudido para cima e para baixo. Em vários momentos as braçadas sequer saíam da água, e, em outros, dávamos braçadas no vazio, tudo em função das enormes ondulações que enfretávamos. Alguns amigos relataram que foram vítimas de "caldos" ao sair do mar, pois as ondas estavam mesmo grandes.

Nesta prova, no meu caso específico, enfrentei uma dificuldade antes nunca encarada por mim. Orientei-me muito mal. Perdi tempo e nadei muito mais do que o necessário. Esperava contar com a corrente, a qual não me arrastou como eu esperava. Ainda assim, conseguir um tempo muito bom para minhas condições de preparo. Já havia ficado feliz com o tempo da primeira volta, e fiquei mais ainda em sair da água em bom estado para as demais etapas da prova.

Minhas transições foram lentas, e vi que tenho que melhorar neste aspecto. A T1 foi menos ruim que a T2, mas, ainda assim, perdi tempo com besteiras. O fato curioso da T1 fica para as palavras do amigo Parahyba, o qual, no trajeto entre a praia e o local onde estavam as bicicletas, falou:

- Ei Elano, vai pensando aí no relato para o blog. Transição difícil com uma duna na saída da praia!

E riu. Aliás, rimos.

No ciclismo, já bem no início, fomos apresentados a uma subida cruel que tratou logo de castigar nossas pernas. Em seguida, o vento deu as boas-vindas. E foi assim até o retorno já na rodovia estruturante, após o posto do garrote. Subidas com vento na cara faziam com que tivéssemos a certeza de que a natureza tinha tirado aquele dia para nos ensinar a não a desafiar. Após o retorno, vento empurrando e velocidade alta para nos animar. O percurso de volta nos dava nova alma para continuarmos. E assim foi por três voltas, só tendo a mencionar que o vento aumentava gradativamente. A última volta foi de superação.

Vale ressaltar a organização da FETRIECE nos retornos e, principalmente, na entrada da rodovia estruturante. Não vi um acidente sequer. Pode até ter ocorrido, mas eu não vi nada.

Na T2, como já adiantei, enrolei-me bastante. O tênis foi parar longe, e fui buscar. Soltei uns palavrões, o que arrancou risadas de alguns staffs. Aconteceu de tudo. Mas saí para correr sabendo que o pior estava por vir.

Logo no ínicio da corrida, de novo, aquela famigerada subida. Correndo, ela parecia bem mais íngrime. Após chegar no percurso no alto da duna, pretensamente plano (mas que de plano não tinha quase nada), as pernas foram começando a responder melhor. Mas leve enjôo por causa dos géis de carboidrato atacou-me. Ainda assim continuei "empurrando" os tais géis para dentro, sob pena de quebrar por falta de forças.

A vontade de parar era constante. O corpo joga contra. A cabeça é quem comanda tudo, e se você deixar o abatimento te dominar, já era. A força mental, neste momento de uma prova tão dura, é a grande chave para o sucesso. Desisitir não pode ser uma opção, NUNCA!

Até que, no meio da segunda volta da corrida (eram 4 voltas ao todo), apareceu a minha amiga de provas, a tal Coca-Cola. Mandei um copo para dentro e esqueci o gel. O problema é que havia apenas um dos postos de hidratação com coca-cola. Mas ainda assim recebi um ânimo a mais, mentalmente e fisicamente. Impressionante! Consegui manter o ritmo. Fui ultrapassado por concorrentes da mesma categoria, mas eu estava ali fazendo o que podia. Não resta dúvida que tenho que melhorar meu desempenho na corrida em provas de triathlon, mas este é justamente o grande segredo a ser alcançado pelo triatleta.

Cheguei ao pórtico final com tempo muito melhor do que o esperado, e fui recebido pela minha linda mulher com um forte abraço. Desafio cumprido. Felicidade à mil. Confraternização com os companheiros de equipe. Todos, aliás, deram-se muuuuuuito bem. Foi um espetáculo!

Entretanto, alguns participantes foram orientados a dar mais meia volta na corrida, fato que causou desconforto. Criaram-se dois grupos. Um que teria corrido cerca de 18km, e outro que percorreu os 20km. O primeiro grupo fez o percurso de acordo com o que foi orientado no congresso técnico. E neste grupo inclui-se a elite. O outro grupo recebeu a informação de fazer mais meia volta já durante a corrida, e isto viria a causar confusão no pós-prova.

A organização, entretanto, até onde fiquei sabendo, identificou os atletas que correram mais e fizeram redução de tempo médio, cerca de 12 minutos. Desta forma, buscou, da melhor maneira possível, corrigir a falha.

Minha colocação

Ao final da prova, saiu uma lista com um pré-resultado. Fiquei em oitavo na categoria, e quarto lugar cearense. Feliz da vida, fui embora. No dia seguinte, o amigo Gilberto, conhecido como Carioca, avisou-me que fui chamado para o pódio. Estranhei bastante. E fiquei no aguardo da lista com o resultado final.

O resultado foi divulgado e vi que realmente estava no pódio, em quarto colocado. Entretanto, estudando a lista, concluí que havia um erro. Todos da categoria haviam recebido uma redução de 8 minutos relativos a largada em ondas. Tudo certo! Entretanto, eu recebi estes mesmo 8 minutos e mais 12 minutos. Suspeitei que fossem os 12 minutos que foram dados para quem correu mais meia volta. Porém, não é o meu caso. Corri as quatro voltas fechadas assim como orientado no congresso.

Tratei de procurar a FETRIECE para corrigir a falha. Quanto à vaga para o mundial, não há insjustiça porque minha movimentação nas posições se deu dentro do intervalo que classifica para a Espanha. Entretanto, quanto ao pódio, a mudança acaba por provocar injustiça. O quarto colocado recebeu o troféu de quinto. E o quinto sequer recebeu o troféu por ter sido realocado para sexto. E eu, que sequer estava lá no momento da premiação, não deveria sequer ter recebido nada.

Verificando a lista, vejo que meu posto de fato é o da 8ª colocação. Este sim é o condizente com meu tempo de 5h:02m altos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ela



Quis o destino guardar uma enorme surpresa para mim. Sorteou-me, entre tantos! Eu, o felizardo ganhador do prêmio para uma vida inteira! E recebi tal dádiva ainda muito novo, aos 17 anos de idade.

Quis o destino que a intensidade do início forçasse uma cumplicidade cada vez maior. Crescimento, amadurecimento, dificuldades, alegrias... tudo dividido e multiplicado. Quem seria eu sem esse presente? Sem dúvida, seria alguém muito pior. Sem dúvida, alguém incompleto.

E hoje, no Dia Internacional da Mulher, não há como não agradecer à todas as forças superiores e inexplicáveis deste universo, por cruzar meu caminho com o de uma mulher tão especial. O dia de hoje, pode até ser o dia em que se festeja a condição feminina, mas, de fato, no meu caso, é o dia em que se constata minha condição masculina dependente.

Um feliz Dia Internacional da Mulher para você, que dá vida à minha vida!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Atentado a menor no Cocó



Menor e seus segredos


Hoje presenciei cenas terríveis durante o treino no Parque do Cocó. Um atentado violento à integridade física de um menor. Via-se o sofrimento estampado na face. Alvo de tiros, o semblante do menor era de dar dó.

Vamos aos detalhes do atentado.

Meliante: Ricardo Veras Braga, agnominado Dalai Veras. É até paradoxal alguém com tal alcunha praticar ato de tamanha perversidade.

Vítima: o "menor" Pedro Mentirinha. Pequeno valente, que não foge de uma boa briga. Só tem um vício: adora enterrar triatletas vivos.

Entretanto, a artilharia pesada do meliante, despejada em catadupa sobre a probre vítima, foi devastadora. Testemunhas, as árvores do Cocó, apenas observavam a cena estupefatas, imóveis. Até o vento parou para assistir a resistência do menor. A cena bucólica não amenizou a fúria daquele encontro épico.

Cambaleante, após vários tiros, o menor chegou a balbuciar:

- Eu vou cair!

Um transeunte, compadecido com a situação do pequeno, deu-lhe força, dizendo:

- Esta é a hora de sofrer! O que não te mata, fortalece-te!

O menor, reunindo o pouco de força que lhe restava, e com a bravura que lhe é inerente, levanta do banco de madeira que lhe servia de escora, e parte para mais uma saraivada de tiros. Mais uma vez, Dalai Veras fez valer sua impiedosa artilharia e mandou bala.

Fim do atentado. Felizmente não passou de uma tentativa, visto que o menor encontra-se superficialmente intacto, ainda que fisicamente avariado. Porém, mestre na recuperação (seu segredo mais relevante), não se deixa abater, e sabe que batalhas como esta é que o tornam mais capaz para as empreitadas futuras.



Dalai Veras à esquerda. Pedro ao centro.

Sábio que é, após o tiroteio, agradeceu seu algoz, certo de que muito aprendeu com quem tem tanta experiência e capacidade. Por fim, Meliante e Vítima tornaram-se cúmplices. E este é um aviso ao povo desta cidade: cuidado com a dupla! Não tenho dúvidas de que, em breve, cartazes de PROCURA-SE com a imagem do dois estamparão todos os postes de Fortaleza.

sexta-feira, 2 de março de 2012

As minhas sextas-feiras



Vontando à prática de treinos intensos e volumosos, hoje, sexta-feira, relembrei uma característica minha que já havia notado à época dos treinos para o Ironman de 2011.

Digo que é uma característica porque ela se repetia fielmente por todas as sextas-feiras. Após toda a semana de treinos, eu acordava na sexta-feira como se não tivesse dormido, como se não tivesse recuperado as forças, organismo com sensação de exaustão.

E hoje foi assim! Acordei como se tivesse acabado de deitar para dormir. Ombros caídos, pernas pesando uma tonelada. Mas fui ao treino. E com a ajuda dos amigos, consegui fazê-lo por inteiro. Foi duro, mas foi bom!

Dizem que a sensação pós-treino é o que vale a pena no esforço. Mas a sensação após aquele treino no qual você tinha absoluta certeza que não terminaria, ou que sequer começaria, é muuuuuuito melhor.

Aaahhhh.... o mais impressionante dessa minha característica das sexta-feiras é que, para os treinos longos do sábado e domingo, eu amanheço "zerado", pronto para a pancada, novinho em folha. Impressionante! Cheguei a levantar a hipótese de que a sensação de exaustão da sexta-feira seria meu corpo preparando-se para os treinos longos do fim de semana. Sinceramente, não sei! Não sou especialista na área e nunca busquei informações sobre isto. Mas, de qualquer forma, não tenho dúvidas de que o corpo humano é mesmo a máquina mais perfeita que existe.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Blog do Max - Postagem para os Pais



Acabei de ler uma postagem, entitulada FILHO DE PEIXE NADA, no extraordinário Blog do Max - Kona Bikes. Trata-se de reflexões de como pais esportistas lidam com seus filhos em relação à prática de esportes. Para quem é pai, é leitura compulsória. Vejam:

"Creio que todo o praticante de esportes àvido - seja amador, profissional ou ocasional - nutre um desejo quase nunca reprimido que seus filhos "tomem gosto pela coisa", que vem a ser o mesmo esporte praticado ou adorado pelo pai. Sonhando acordado, o peladeiro de fim de semana olha seu pequeno chutando uma bexiga no primeiro aniversário e já imagina um futuro camisa 10 canarinho; o nadador Master que acabou de ser pai compra uma pequenina sunga antes mesmo de comprar a primeira fralda para o seu futuro Popov, e, como não poderia deixar de ser, todo o filho de um ciclista apaixonado acaba ganhando um autógrafo  do vencedor do Tour ou do Giro antes mesmo de saber quem é Ronaldo (dinho ou dão).

Um pouco disso tem a ver com laços afetivos entre pais e filhos. O jovem que tem em sua memória emocional registros positivos relacionados às figuras maternas e paternas envolvidas com esportes acaba talvez com uma propensão maior a buscar, para si, registros semelhantes. Essa é a vertente positiva da herança esportiva - "eu pratico o esporte que meu pai ou minha mãe praticava porque isso está associado, de alguma forma, a um registro de felicidade, bem estar, energia positiva". E essa vertente é positiva sobretudo porque nasce espontaneamente. Ninguém obriga ou força esse jovem a fazer o que seus pais faziam. Ele o faz por impulso próprio. Ele abre a porta que conduz ao esporte pelo lado de dentro, com suas próprias mãos.

O lado escuro dessa vertente, não menos real,  acontece quando a mesma porta que leva ao caminho do esporte  é forçada de fora para dentro, e o jovem ou a criança são retirados de seu mundo para praticar uma atividade cujo objetivo primário é preencher as frustrações de seus pais (ou as neuroses políticas de seus países). Todo o resto - a felicidade, o bem estar e a energia positiva - são acessórios opcionais de um pacote indesejado, levando ao caminho doloroso do esporte sem paixão.

Quem vive em meio a atletas sabe o quanto esses cenários são verdadeiros, e acaba descobrindo também que os exemplos relacionados às frustrações e neuroses não são poucos. Eu, pelo menos, já vi de perto mais casos do que gosto de lembrar, e talvez tenha sido por isso que tomei cuidado redobrado ao apresentar o mundo dos esportes para os meus pequenos (quando eles eram pequenos....).

Num raciocínio extremamente simplista, sempre acreditei que o exemplo falaria mais que mil palavras, e foi assim - fazendo e praticamente nunca falando - que levei para eles a minha mensagem. Enquanto eles cresciam, papai nadava, papai pedalava, e de vez em quando papai corria. Às vezes papai chegava cansado, às vezes chegava atrasado, e às vezes mamãe brigava com ele porque chegava cansado demais e atrasado demais.  Mas fora isso, papai parecia feliz fazendo o que fazia. Alias, parecia não. Papai era, e continua sendo, extremamente feliz praticando seu esporte. Portanto, papai acabou mostrando que ser feliz é possível na prática, e que ao menos um caminho viável, honesto e não muito complicado existe.

Por outro lado, talvez num excesso de zelo para não entrar no lado escuro da força, nunca fiz da prática esportiva uma obrigação para os pequenos. Embora todos os três tenham passado pelo circuito "escolinha de natação, escolinha de vôley", no dia em que aprenderam a nadar a obrigação da escolinha de natação acabou, e da escolinha de vôley não saiu nenhum pós-graduado. E embora eu já tenha me perguntado mais uma vez se não deveria ter insistido um pouco, acabo sempre voltando e me firmando à noção de que a linha que separa "incentivo" de "imposição" é tênue, e que mesmo que ao cruzá-la sejamos bem sucedidos (ainda bem que meu pai me obrigou a nadar, me disse uma vez um grande nadador), continuo achando que o componente emocional é o que vem em primeiro lugar. Praticar esportes tem a ver com bem estar emocional e físico, e o segundo não existe sem o primeiro.  E continuo achando também que a porta para a prática esportiva só leva a um bom caminho se for aberta por dentro. Ficar esmurrando do lado de fora, ou arrombar, é receita para desastre emocional do jovem.

Como fruto dessa crença e da opção que se seguiu, hoje nenhum dos meus três filhos pratica esporte de forma catedrática - embora cada um pratique alguma forma de exercício moderado. E apesar de que certamente sempre tenha ficado com um olho de olho naquela bendita porta na esperança de um deles um dia a abra, não sou frustrado nem triste pelo fato dela (ainda?) permanecer fechada. Antes assim do que ter em casa um campeão trazendo nas costas  troféus para minhas prateleiras imaginárias, ou tendo acorrentadas ao peito medalhas que eu nunca fui capaz de ganhar.

Mas um dia atrás do outro é realmente uma coisa curiosa. Ontem - ontem ainda - meu filho do meio disse que iria começar a nadar. "Estou com vontade de fazer algum esporte mais regular", foram as palavras dele, que atualmente é músico em tempo integral e goleiro titular em peladas de fim de semana. Nem tive tempo de respirar. "A que horas mesmo começa a aula da faculdade oito e meia então você pode fazer como eu fazia na sua idade vai nadar de madrugada que dá tempo e sobra eu vou com você fazer o teste conheço todo mundo lá você vai adorar tenho certeza vai desenvolver seu  corpo de forma harmônica o que estamos esperando vamos lá". Se não foi isso foi mais ou menos isso.

Imagine. E eu imaginei! Com essas mãos que parecem uma raquete de frescobol e pés que dispensam nadadeiras! Com essa altura toda! Em um ano vai baixar de um minuto nos 100 livre. Xuxa...Gustavo Borges...Cielo....Popov...Thorpe....Ian Quint!

Mal meu filho entreabriu a porta, eu já tinha derrubado ela com parede e tudo e estava prestes a arrancá-lo de seu mundo para o meu.

Temos realmente que nos controlar. Às vezes, pouco pode a razão diante de uma grande paixão"

Já citei a fonte. E agora aí vai o link para quem quser conhecer melhor aquele blog: http://maxkonabikes.blogspot.com/

Leão e reflexões



É chegado março. E, com ele, a época de acertar as contas com o Fisco Federal, popularmente conhecido como Leão. Creio que o  Fisco Federal recebeu este apelido em função da força inerente ao Estado e, principalmente, por conta da mordida que o "leão" dá em nossos rendimentos.

Não sei se é o caso de vocês, mas sempre que estamos nesta época do ano, especificamente quando é hora de fazer a Declaração de Imposto sobre a Renda, vem-me à cabeça uma série de reflexões.

A primeira, como não poderia deixar de ser, é sobre a dinheirama que o Estado nos leva. Imaginem o montante arrecadado!! Mas eu juro que não pensaria nisso se tivéssesmos um retorno eficaz em serviços estatais. E aí eu incluo tudo: educação pública, infraestrutura (vias, áreas de lazer, etc.), saúde pública, etc. Ou seja, qualidade de vida! No entanto, não é o que acontece no Brasil.

Aí, em seguida, penso numa forma de mudar isto. Há? Eu tenho mesmo que pagar tanto dinheiro ao Estado para, depois, ainda ter que pagar por fora por uma saúde de qualidade, educação de qualidade, etc? Aí me vem à cabeça tudo aquilo que vemos em Teoria Geral do Estado. Também lembro de O Contrato Social, O Leviatã, O Príncipe, Legitimidade, etc.

Aí a coisa vai ficando mais profunda. E a Anarquia? Funcionaria? Numa sociedade ideal, sem violência, com respeito mútuo, onde seria garantido não haver problemas de convivência, etc, caberia a anarquia? Não teríamos governo, ordem hierárquica ou coerção, tendo em vista tudo isto ter se tornado desnecessário. Será?

O fato é que estamos em um Estado Democrático de Direito, onde todo poder emana do povo, o qual legitima seus governantes através do voto, e "banca" o Estado através de seus rendimentos. E nós, povo? Só pagamos? Até quando?

Só me restam estas certezas: pagamos muito e mal; e votamos pior ainda!!!

Mas deixemos de elucubrações e voltemos à vida real. Viva o Brasil!!!