Ironman Brasil 2011

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Feliz em descobrir; triste por concluir!



Já fiz, neste blog, análise sobre o crescimento do triathlon no Ceará. Entretanto, aquela análise foi restrita à prática do esporte em si e a quantidade de adeptos.

Desta vez, pretendo fazer uma análise da nossa cena local com viés diferente: relações humanas no triathlon. Huuummmmm.... como tudo que envolve a natureza humana, arrisco-me em campo nebuloso, escorregadio, com meandros ainda incertos e inexplicáveis. Mas o farei do meu jeito, com base naquilo que percebo.

Estou no triathlon há dois anos, e antes disso, fazia parte apenas do mundo dos corredores. Quando era apenas corredor, já pude constatar, mediante observação (sem contato mais próximo), que o triatleta tende ao isolamento de seu grupo. Corredores ali, triatletas aqui! Uma conduta velada, não escancarada, mas posta em prática por meios sutis.

Quando ingressei no triathlon, fui, aos poucos, fazendo a leitura do ambiente. Não é de minha personalidade "ocupar muito espaço". Respeito as características das pessoas, principalmente do grupo. E passei a observar. Que fique claro que não falo aqui de uma determinada assessoria esportiva, grupo ou pessoa. Falo de forma geral, pois pude interagir, neste dois anos, com as mais diversas equipes, assessorias, triatletas, etc.

De logo, percebi que novos integrantes mais extrovertidos são, de pronto, entendidos como algum tipo de invasor. Aquele que chega demonstrando mais intimidade do que realmente tem, é, na maioria das vezes, compreendido como chato e invasivo. Confesso que, por vezes, adotei esta postura. Mas, felizmente, dei tempo ao tempo, para não fazer um juízo precipitado de ninguém. E confesso, também, que quebrei a cara. Muitas destas pessoas que achei "espaçosas" mostraram-se excelente pessoas, de boa índole, e que só tentavam uma aproximação mais rápida.

Seguindo nas minhas observações, pude perceber rixas (entre triatletas de assessorias diferentes; entre triatletas da mesma assessoria; entre triatletas que nem treina em assessorias). Estas, sem azo a dúvidas, fruto de competitividade. A busca por resultados, performance, etc., acaba por envolver o triatleta de tal forma que o ludibria a ponto de valorizar a coisa muito além do que ela merece. Impende dizer que "mirar" alguém, principalmente DURANTE UMA PROVA, é algo comum, e serve como incentivo pessoal para que você venha a se superar. Isto é normal! Porém, o que ultrapassa a tênue linha da normalidade são: a obcessão, a rivalidade, a preocupação com o outro.

Quando percebi que, algumas vezes, pessoas chegavam a retaliar outras por sua conduta, considerada inaceitável (sabe-se lá o por quê!!), minha curiosidade ficou aguçada. Perguntei-me se isto seria uma característica local, movida por um sentimento que foi semeado e cultivado aqui, vindo a se tornar a cultura dominante, ou se era uma característica geral do meio do triathlon. Para responder minha própria pergunta, teria eu que buscar informações de outras praças. Cidades com grande número de triatletas seriam ideais para que eu chegasse à resposta.

Consegui breves informações de São Paulo, Florianópolis e Curitiba. Tentando não influenciar a resposta, perguntei sobre as relações pessoais entre triatletas naquelas cidades. Como funcionavam as relações humanas no meio do triathlon? E pasmei com as respostas que obtive!!

Alguns relatos foram tão parecidos com o que observo por aqui que achei que a história estava sendo reproduzida. Não houve exceção. Tais episódios acontecem em todos os lugares.

Alguns atribuíram ao envolvimento que o esporte requer, ou seja, o triathlon exige muita dedicação, o que acabaria por confundir a cabeça do praticante, vindo a supervalorizar o esporte, mesmo sendo apenas um lazer. Outros atribuíram à competitividade e vaidade INERENTES ao ser humano. E por aí vai!!!

O fato é que eu fiquei feliz em descobrir que a coisa é "normal"!!! E muito triste por concluir o quão imperfeito o ser humano é! Muitas das vezes, sabemos que não está correta esta supervalorização, mesmo assim nos deixamos levar pelas circunstâncias.

O que nos resta? Policiar a nós mesmos! Evitar condutas antiéticas. Buscar a melhoria do que somos. Evoluir para um pensamento em conjunto, abandonando a cultura do EU PRIMEIRO, ou, OS MEUS PRIMEIRO.



No esporte, seja qual for, não cabe a exclusão. Não cabe a diferenciação. Não cabe a discriminação. Aquele que começa hoje, pode vir a ser um fenômeno, e eu quero muito ter feito parte do crescimento de um atleta destes. Assim como quero muito ajudar aquele que jamais deixará de ser um simples atleta amador. E você?

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